Triste ano velho


        Simplesmente não sei. Às vezes começo a escrever e me perco entre as palavras. As várias palavras que não fazem o mínimo sentido. Nem a vida. Nada.
Eu odeio esperar. Odeio ter que ver tudo passar na minha frente dessa forma. Eu me odeio por não ter nenhum problema, e reclamar tanto de mim. Me odeio por ter a vida perfeita e ainda me sentir sozinho. Não consigo me entender, e nem ao menos sei como chamar esse sentimento.
        Não posso dizer que minha vida seria ótima sem as mudanças, por que elas me trouxeram flores, que me fizeram sorrir, e que depois foram embora, e eu fiquei triste, mas eu estava vivo. Eu estou vivo agora. Digo, eu me sinto vivo. Mas que diabos me faz tão vivo e tão desconfortável?
        E digo isso de mim mesmo, não tenho para onde correr. Só posso esperar. Dor, saudades, pesadelos, solidão, o tempo...
Nada tem passado ultimamente. A única coisa que tenho notado de diferente em mim, com o passar desse "tempo" é meu cabelo que cresce.
        Tá tudo fugindo de mim. E o pior, é que sempre que eu estou com alguém que eu gosto muito, começo a desabafar, tudo que aconteceu comigo esse ano. E já perdi as contas, de quantas vezes já fiz isso. Ainda me sinto preso, eu acho. Tenho pressa de chegar ao futuro.
Queria um ano diferente, não me sinto "eu" como antes. Seria bom, que esse ano fosse o avesso desse passado. Seria realmente bom.
        Quero muito bem a várias pessoas, aquelas que me deixam vivo. Hoje eu estou com 24 dias de férias. Apenas em um dia eu voltei feliz pra casa. Me restam 34, e queria pelo menos mais outro dia desses, antes de voltar para a faculdade.
        Queria voltar a sentir, qualquer coisa que não seja solidão. Estou perdendo o medo das coisas, aprendendo a viver, amadurecendo.
        Enfim, triste ano velho sem fim.

Natã Cavalcante'